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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Tenho 13 Anos, Fui Vendida


O jeito inocente de cada frase, a simplicidade de cada capítulo e a força do conjunto que compõe esta obra fez de “Tenho 13 Anos, Fui Vendida”, da autoria de Patrícia McCormick, um dos cem melhores livros de 2006, de acordo com a revista Publisher’s Weekly, tendo sido, no mesmo ano, finalista do famoso National Book Award, na categoria de literatura juvenil, nos Estados Unidos da América. Em Portugal, chega até nós através da Editorial Presença.
A autora conta, com todo o impacto que provoca o relato na primeira pessoa, a história de Lakshmi, uma menina nepalesa de treze anos que se vê repentinamente transposta da sua pequena aldeia perdida nos Himalaias, onde brincava com a sua cabra de estimação e com a irmã bebé, para a cidade de Calcutá, na Índia. Tinha sido vendida pelo padrasto como escrava sexual, passada entre vários intermediários e acabara num bordel cujo nome é de uma ironia macabra para que se vê nele preso, a Casa da Felicidade. Obrigada a fazer tudo o que mais a repugna, entregue ao mundo da prostituição por um período de tempo incalculável, a sua obstinação e determinação serão suficientes para que consiga manter a sua coragem e integridade. A protagonista partilha as suas pequenas alegrias, bem como as agonias das colegas que a acompanham na sobrevivência diária. Tudo isto influirá decisivamente no seu destino. De enaltecer, a leveza da prosa incutida à pequena Lakshmi pela mão da autora.

A Rádio da Cidade Perdida


“A Rádio da Cidade Perdida” é o nome de um programa ouvido por toda uma região cujos contornos são indefinidos. A situação é a de uma guerra civil que transforma os quotidianos e deixa latentes incertezas. Em escombros ficam o governo, o país e, sobretudo, vidas, como a da própria Norma, locutora do programa. As poucas e frágeis certezas de que se tem conhecimento são transmitidas por Norma no seu programa: as listas de guerrilheiros desaparecidos e as chamadas dos seus familiares em desespero e em busca de esperança. Todas as semanas, milhares ouvem na rádio os nomes dos desaparecidos e que foram, provavelmente, engolidos pela cidade e pelos escombros deixados pela guerra. Enquanto pessoas perdidas se reencontram com os familiares, Norma esconde o seu próprio drama: o desaparecimento do seu marido no final da guerra. Tudo poderá mudar quando um jovem chega da selva com uma nova lista de desaparecidos onde consta o nome de Rey, o seu marido. Até que ponto esta nova pista será fiável? Caberá ao leitor segui-la e procurar comprová-la. Trata-se, no fundo, de uma história de amor em cenário de guerra, desde os escombros urbanos ao cenário mais exótico da selva impenetrável em todo o seu esplendor. O factor de unidade surgirá sempre pela frequência de rádio.
Esta história de Daniel Alarcón, publicada pela Europa-América, alerta ainda para as consequências ulteriores da guerra na sociedade, com toda a devastação física que implica, e no próprio indivíduo que, para sempre, sentirá na pele e na alma as suas feridas e cicatrizes, quer tenha sido participante, sobrevivente ou mero observador.

O que é Uma Ideia?



Da autoria de Nayla Farouki, filósofa e pensadora libanesa e autora de obras notáveis já publicadas, o livro “O que é uma Ideia?”, editado pelo Instituto Piaget, na sua colecção Pensamento e Filosofia, tenta responder a uma questão que todos os filósofos têm colocado ao longo da história: o que é uma ideia? Ao longo dos tempos, a pergunta continua a ser a mesma. No entanto, as respostas diferem e variam de filósofo para filósofo. Desde aqueles que pensam que a existência da ideia é independente daquele que a pensa, como Platão, aos que valorizam essencialmente as ideias morais ou as ideias científicas. Os desafios são, como se verifica, imensos. A autora discorre então sobre a panóplia de ideias que os filósofos tiveram sobre a essência da ideia. Os vários capítulos que se debruçam sobre a origem, a qualidade, o uso e a realidade das ideias, são ainda enriquecidos por um glossário final que elucida o leitor sobre vários conceitos filosóficos fundamentais como a alegoria da caverna, anamnese, dialéctica, empirismo, mundo das ideias, niilismo, pirronismo, solipsismo, tabula rasa, tese, antítese e síntese, entre muitos outros. De forma clara e acessível, de principal interesse para estudantes de filosofia, esta é uma obra sucinta e útil, quer para a preparação de testes como em pesquisas sobre a temática abordada.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A Ameaça Global


É provavelmente a obra mais actual sobre o conflito no Iraque. As crónicas reunidas em “A Ameaça Global”, escritas pelo General Loureiro dos Santos, especialista em questões de defesa, elucidam o leitor quanto aos últimos anos de guerra que assolam aquele país do Médio Oriente. Cada capítulo dedicado a cada um dos anos de guerra encontra-se subdividido em textos curtos, de leitura acessível, numa prosa concreta. As questões levantadas prendem-se com a estratégia levada a cabo pelos Estados Unidos da América no que concerne à sua actuação em solo iraquiano. Certo de que nesta guerra nunca haverá um vencedor e um derrotado claros, o autor apenas assegura que as acções dos EUA ainda arrastaram outros países para o conflito. Fazendo uso da sua capacidade de actuação global, os EUA iniciaram, prolongaram e influenciaram a guerra. No entanto, o arrastar dos acontecimentos veio a revelar também as vulnerabilidades e fraquezas desta super potência: atentados aos direitos humanos, deficiências militares, perda de eficácia noutras crises, entre outras. Grave será também o impulso que deu ao terrorismo global, protagonizado pela Al-Qaeda, que teve oportunidade de se reorganizar. A capacidade de intevenção inicial dos EUA contrasta, assim, com a sua actual dificuldade em concretizar objectivos. Trata-se de mais uma importante publicação da Europa-América.

Segredos


Uma história repleta de romance e suspense é o que Andrew Rosenheim nos apresenta em “Segredos”, publicado recentemente pela Civilização Editora. Redigida numa prosa elegante e cativante do primeiro ao último capítulo, o autor evidencia toda a sua inteligência sempre que consegue provocar mudanças súbitas na história. Desta forma, o leitor não encontrará muitos momentos de tédio ao longo do livro, sentindo-se motivado para uma leitura rápida e excitante. A história é a de Jack, um homem que leva a vida a tentar descobrir os segredos das outras pessoas, precavendo-se sempre quanto aos seus próprios segredos que, a serem descobertos, poder-lhe-ão custar a sua própria sobrevivência. No entanto, a vida preparava-se para o desviar da sua rota tão bem definida. Saído de São Francisco, na companhia de Kate, uma bela rapariga inglesa, decide deixar de recear tudo e todos e começar uma vida nova em Inglaterra. Mas, o seu passado não estava completamente enterrado, e os problemas começam a surgir quando menos espera. Incapaz de lhes fugir, a única solução será enfrentá-los e resolvê-los.

Incidentes Críticos na Sala de Aula


A editora Quarteto publica mais um instrumento útil para professores, psicólogos, estudantes de licenciaturas em ensino e até pais. Numa altura em que a violência nas escolas está na ordem do dia, a análise e discussão do problema encontram aqui um importante recurso que pode ajudar a todos na reflexão. A resolução adequada deste tipo de problemas constitui um ponto essencial para a qualidade de ensino. A violência e indisciplina, cada vez mais frequentes, são hoje em dia uma parte considerável das dificuldades sentidas pelos professores, principalmente os que estão em início de carreira. Tornam-se origem de desconforto e frustração, transformando por vezes um sonho de vida num pesadelo interminável. “Incidentes Críticos na Sala de Aula”, da autoria de Carlos Silva, Paulo Nossa, Jorge Silvério e Andreia Ferreira, é um manual prático que segue o método da Análise Comportamental Aplicada (ACA). Apresenta, contudo, uma sólida base teórica podendo servir de guia para a intervenção clínica. Esta obra constitui, portanto, um enriquecimento da bibliografia sobre o pertinente tema da psicologia educacional.

Joaninha, A Menina Que Não Queria Ser Gente


Escrita por Ana Cristina Leonardo e ilustrada por Álvaro Rosendo, a história de “Joaninha, a Menina Que Não Queria Ser Gente” destina-se a todas as crianças reticentes em aceitar o seu próprio crescimento. Joaninha mora com os pais e com o seu cão, Pata Branca. Prestes a completar sete anos de idade, Joaninha decide que não que fazer anos. “Mas toda a gente faz anos!”, respondeu-lhe a mãe. “Então eu não quero ser gente”, replicou Joaninha. Mal sabia ela que, ao proferir estas palavras, se transformaria automaticamente num peixe! Seguiram-se uma série de outras transformações: gata, árvore, pássaro, pedra e, finalmente, lá voltou a ser simplesmente… Joaninha! Descobriu que não poderia evitar a sua festa do sétimo aniversário, assim como é impossível de parar a força da gravidade quando se cai e as saudades de tudo o que se gosta. A nota de humor é dada pela participação especial de Pata Branca nos comentários à parte.