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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Legumes Sem Desculpas


A parceria entre o médico Fernando Póvoas e e chef Henrique Sá Pessoa, com a luminosa fotografia de Nuno Correia, resultou em “Legumes Sem Desculpas”, um harmonioso conjunto de deliciosas receitas para uma alimentação equilibrada. Para desmistificar, a miúdos e graúdos, a ideia de que os legumes não são saborosos e apetecíveis, os autores criaram com os melhores ingredientes as receitas mais indicadas para o efeito. Organizadas e equilibradamente distribuídas por sete capítulos, as opções são variadas e para todos os gostos. Dos canapés (para quem gosta de ter pouco trabalho) às sanduíches (para preguiçosos), passando pelas sopas (até para quem não gosta de sopa), saladas (até para os que não sabem fazer uma salada), legumes para as crianças (que dizem sempre “não gosto”), o livro culmina nos sumos, batidos e sobremesas (para os dias mais azedos). É a sugestão mais adequada da Esfera dos Livros para a cozinha deste Verão.

A Grande Arte


Rubem Fonseca tem desempenhado um papel fulcral na valorização da literatura brasileira em todo o mundo. Com “A Grande Arte”, publicada pela Campo das Letras, voltamos a ter a oportunidade de ler uma história sem pressas ou atropelos, uma autêntica paródia aos romances policiais de outrora. Aqui assistimos ao processo de decadência da grande metrópole que é a cidade do Rio de Janeiro. Nesta trama policial, reencontramos Mandrake, personagem inesquecível da literatura brasileira. O advogado percorrerá a cidade na sombra, investigando os misteriosos crimes perpetrados contra prostitutas, a quem é deixada sempre a mesma marca peculiar: a letra P inscrita no rosto. Na obra, o desejo sexual e todas as coisas que dão prazer não merecem sequer ser questionados pelo criminoso. Caberá a Mandrake investigar a única pista que aquele deixa para trás, a sua caligrafia macabra, desenhada a bisturi feito de material de alta qualidade. Nesta narrativa ímpar e de precisão, o leitor poderá assumir o seu próprio papel nesta investigação. Basta que ouça com atenção todas as personagens…

O Rio e o Seu Segredo


Com toda a sua vida dedicada à música, Zhu Xiao-Mei é conhecida no mundo inteiro como uma pianista virtuosa. Com esta obra, recentemente publicada pela Guerra e Paz, venceu o Grand Prix des Muses. Nitidamente auto-biográfico, “O Rio e o Seu Segredo” mostra como a música nasceu com a autora e como a veio a salvar da opressão. Forçada a enfrentar e a aderir à revolução maoista, foi enviada para um campo de reeducação, de modo a que desaparecesse de si todo e qualquer gosto e desejo pela música, restando apenas a adoração a Mao. Mas mesmo aí, a força da música viria a imperar através de um velho acordeão, que lhe devolveu algumas notas milagrosas, amenizando os dez anos de luta e exílio que se seguiriam. O leitor tem agora o privilégio de acompanhar a história desta mulher excepcional, de entrar na sua vida de avanços e recuos, de lutas e, acima de tudo, vitórias. Para além disso, poderá também contactar com alguns dos preceitos da revolução cultural chinesa, pelos olhos de Zhu Xiao-Mei, construindo a sua própria visão dos acontecimentos do passado.

O Despertar da Magia


A literatura fantástica é para muitos a opção de leitura para as férias de Verão. Para quem já conhece os primeiros três volumes das Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, nomeadamente “A Guerra dos Tronos”, “A Muralha de Gelo” e “A Fúria dos Reis”, pela Saída de Emergência, “O Despertar da Magia” é a continuação da saga da guerra pelos Sete Reinos, da qual o leitor assíduo não deverá querer perder pitada. Da primeira à última página, o autor consegue, uma vez mais, que nos agarremos à história e entremos nela com o mesmo espírito lutador e combativo das personagens Arya, Sansa, Robb ou Daenerys. Desde os pormenores de descrição da batalha pela capital de Porto Real, ao ataque das fortalezas no Norte, passando pela conquista do castelo de Winterfell, não faltará também o conflito humano entre honra, morte e traição. Em suma, trata-se de uma batalha de peso entre o amor e o ódio que invadirá também o coração do leitor. Pessoalmente, ultrapassa até o génio da literatura fantástica (Tolkien), na capacidade de manipulação do leitor e das suas expectativas em relação à evolução da história. É de perder o sono!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A Felicidade Mora ao Lado


Jill Mansell desde há muito que habituou os seus leitores a histórias românticas com personagens bem construídas e encantadoras. “A Felicidade Mora ao Lado” não foge à regra e revelou-se um prazer de leitura desde a primeira à última página, impossível de colocar de lado. A história tem início com o estranho presente de Natal de Nancy, um cortador de relva, oferecido pelo seu marido… Afinal, o recibo de uma jóia que encontrara no bolso dele não garantiu que a jóia fosse para si. Surpreendida e confusa com os súbitos acontecimentos, Nancy parte para Londres a convite da sua amiga Carmen que, desde a morte do seu marido, se sentia bastante sozinha. Ambas irão despertar para duas novas vidas e descobrir que ainda vale a pena sonhar e lutar pela felicidade. Nancy suspira ao lado de Connor O’Shea, enquanto Carmen sente arrepios perto de Joe. Pena que por trás de todo o charme de Joe, se esconda uma personalidade obscura e segredos perigosos. As Edições Chá das Cinco trazem até nós uma fantástica leitura para este Verão, sempre com sexto sentido.

Colesterol: Nunca Mais


A colecção Saber Viver das Publicações Europa-América volta a contribuir para o nosso bem-estar com o livro “Colesterol: Nunca Mais”. Neste auxiliar de boas práticas de vida é possível encontrar informação sobre as origens do colesterol que, apesar da sua importância na protecção das células e fabrico de vitamina D, também aumenta o risco de aterosclerose, enfartes, AVCs, embolia e artrite. Aleth Thomas, a autora, define então as quatro regras de ouro para uma alimentação adequada, entre outros conselhos para uma vida saudável, o papel de alguns medicamentos e a importância da prevenção do aumento dos níveis de colesterol. A obra, clara, bem estruturada, acessível e de fácil consulta, culmina com um capítulo de receitas anti-colesterol, entre as quais se destacam as sopas, saladas, e pratos saudáveis e refinados como “Filetes de truta fumada sobre folhinhas de espinafre”, “Tigelada de legumes de Verão, “Mousse de bacalhau fresco com pontas de espargos” ou “Papelotes de coelho com mostarda”. Chegou definitivamente a hora de dizer não ao colesterol e cuidar da saúde.

Galileu


Trata-se de mais uma biografia de excelência publicada pela Europa-América. Da autoria de Michael White, “Galileu, O Anticristo” caracteriza um dos maiores nomes da ciência mundial de todos os tempos que ousou falar e confiar em si próprio quando outros permaneceriam em silêncio. Neste livro percebemos como Galileu foi uma das figuras centrais da Revolução Científica e a razão de ter sido, para muitos, um verdadeiro mártir. Apesar das tentativas da Inquisição para o silenciar, Galileu conseguiu sempre afirmar-se, mesmo enquanto músico e artista. No entanto, a sua vida terminaria na miséria, doença e reclusão da prisão domiciliária a que tinha sido condenado, na companhia dos seus livros e ideias proibidas. A obra, resultado de aturado trabalho de investigação e reflexão, põe a nu a conspiração que terá resultado na denúncia de Galileu. As suas ideias ultrapassariam em muito a ciência, podendo vir a ameaçar as próprias bases do Catolicismo numa época em que a Igreja mostrava fragilidades.

As Paredes Têm Ouvidos


“As Paredes Têm Ouvidos”, da Campo das Letras, apresenta em banda desenhada uma história que gira em torno do edifício ex-sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso. Trata-se da visão do autor italiano Giorgio Fratini quanto aos acontecimentos antes e depois da Revolução de Abril de 1974. Quando se descobre que o edifício que foi palco de sofrimentos, torturas e crueldades está prestes a ser transformado em apartamentos de luxo e lojas, as reacções diversas sucedem-se e contrapõem-se. Através dos traços e tons do autor em cerca de cem páginas, o leitor tem agora a oportunidade de ver os seus próprios conflitos pelos olhos de um arquitecto estrangeiro e perceber que, também noutros países, foi sentida e reconhecida a ditadura em Portugal. À semelhança de outros países, a questão da perda de memória de um lugar é um tema já tratado na literatura. Aqui, a inovação reside no facto de a questão ser tratada sob a forma de banda desenhada. Termina com uma breve cronologia do período revolucionário e com uma nota do tradutor e crítico literário Roberto Francavilla.